Assuntos estão intrinsecamente interligados, embora possa não parecer em um primeiro momento
A partir do momento que uma Instituição de Ensino Superior (IES) consegue o credenciamento do MEC, seu objetivo é o de se estabelecer como referência na área e também obter uma boa rentabilidade para os sócios, diretores e gestores, mas os conceitos, por vezes, são dissociados.
Isso não está certo, pois uma instituição que deseja ter qualidade em suas atividades consequentemente obterá bons lucros, enquanto o contrário também se aplica, ou seja, quem recebe uma boa quantia em dinheiro tende a ser uma instituição exemplar no que se propõe.
Pode ser que você nunca tenha pensado profundamente sobre o tema, mas se for este o caso, fique tranquilo, pois veio ao lugar certo. Vamos conhecer alguns dados sobre as IES brasileiras e como eles podem ser analisados sob a ótica da qualidade e dos resultados financeiros.
Como são os resultados financeiros das Instituições de Ensino Superior em geral?
Mesmo sem dados que tratem diretamente sobre o assunto, as evidências levam a crer que estes são bastante positivos. Afinal de contas, se isto não fosse verdade, o número de IES estaria em queda acentuada, não em constância, como mostram os dados.
De acordo com o Censo da Educação Superior, da Diretoria de Estatísticas Educacionais (Deed) e com apoio do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e do Ministério da Educação (MEC), o número de Instituições de Ensino Superior no país era o seguinte, por ano:
- 2013: 2.391
- 2014: 2.368 (-0,96% comparado ao ano anterior)
- 2015: 2.364 (-0,17%)
- 2016: 2.407 (+1,82%)
- 2017: 2.448 (+1,70%)
- 2018: 2.357 (-3,72%)
O número de instituições varia de acordo com o ano, mas ao tirar uma média dos seis anos citados, são 2.389 ativas, número 1,34% maior que o menor resultado no período analisado (2018) e 2,415 menor que o maior resultado do mesmo período (2017).
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Em suma, há uma constância na quantidade de universidades, centros universitários, faculdades, IFs (Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia) e Cefets (Centros Federais de Educação Tecnológica), com valores que aumentam ou diminuem conforme o descredenciamento ou credenciamento do MEC.
Um ponto que pode ajudar a entender tal regularidade é o número de matrículas do ensino superior no país, que foi o seguinte para o mesmo período analisado anteriormente:
- 2013: 7.305.977
- 2014: 7.828.013 (+7,14%)
- 2015: 8.027.297 (+2,54%)
- 2016: 8.048.701 (+0,27%)
- 2017: 8.286.663 (+2,96%)
- 2018: 8.450.755 (+1,98%)
De 2013 a 2018, o número de matrículas aumentou 15,67% (+1.144.778), e se há mais alunos no ensino superior, é evidente que o número de instituições de ensino deve estar próximo ou ser maior do que era antes.
Porém, em termos financeiros, o aumento não se aplica necessariamente a todas as IES. O que ocorre na prática é que as melhor avaliadas pelo MEC, com nota 4 ou 5, são mais lucrativas, já que agregam valor ao seu ensino e, por consequência, podem cobrar mais por seus serviços e, assim, lucrar mais – merecidamente.
Para tal, é fundamental investir em um processo contínuo de melhoria e aprimoramento de ensino, o que aumenta a reputação da instituição e seu retorno financeiro, em um processo que se tornará autossustentável com o passar do tempo.
Há que se considerar também o aumento do Ensino a Distância (EaD), uma das maiores tendências no que tange ao Ensino Superior. De acordo com o Censo da Educação 2018, de 3.445.935 ingressos em cursos de graduação em 2018, 40% (1.373.321) foram em cursos a distância e 60% (2.072.614) foram nos presenciais.
Apenas para fins de comparação, no ano de 2008, de 2.336.899 ingressos em cursos de graduação, apenas 19,81% (463.093) foram em cursos a distância, enquanto os 80,19% restantes (1.873.806) foram em cursos presenciais, Logo, no passar de 10 anos, as matrículas em cursos a distância mais do que dobrou.
Porém, isso por si só não significa que os lucros das instituições de ensino superior aumente, pois a visão que se tem é que a partir do momento que os investimentos do Governo Federal foram reduzidos, o lucro das IES caiu e muitas, inclusive, fecharam, o que explica as quedas nos números em 2014 e 2015.
Depois de conhecer os números, é possível estimar que as IES possuem ótimos resultados financeiros, já que o número de matrículas só aumenta e é possível atingir pessoas que moram em outras regiões, como através do Ensino a Distância, mas a qualidade acadêmica deve ser garantida para obter bons resultados.
Como potencializar a qualidade de uma Instituição de Ensino Superior em prol de melhores resultados financeiros?
Para oferecer uma educação de qualidade no Brasil, é preciso gerenciar bem as IES, que não deixam de ser instituições que visam obter lucros e, assim, crescer como empresas em um mercado tão competitivo.
Isso se torna ainda mais importante ao analisar a taxa de evasão dos cursos superiores oferecidos por instituições privadas, que foi de 30,1% em 2016, de acordo com a 8ª Edição do Mapa do Ensino Superior, relatório desenvolvido pelo Semesp.
Para evitar perder os atuais alunos e conseguir conquistar novos, algumas dicas que podem ser colocadas em prática são as seguintes:
- Tenha um corpo docente reconhecido no mercado. Ter como professor de determinada matéria uma referência em sua área de atuação é um chamariz e tanto para novos alunos, já que demonstra a capacidade dos profissionais, bem como o esmero com que os docentes foram definidos.
- Pense também nos demais setores da IES. Além dos professores, todos os colaboradores que trabalham para o negócio funcionar devem ser escolhidos a dedo, da secretaria à reitoria. Assim, o atendimento sempre será excelente, independentemente de qual seja a necessidade dos alunos.
- Busque nota máxima no Sinaes. Nós já falamos aqui sobre a importância do Conceito Institucional para uma IES, que é um dos indicadores de qualidade do Sinaes (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior), junto com Conceito Preliminar de Cursos (CPC), Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (ENADE), Índice de Desenvolvimento Docente (IDD) e Índice Geral de Cursos (IGC). Empenhe-se em ter a melhor nota possível para demonstrar uma excelente imagem ao mercado.
- Invista em tecnologia. A relação entre tecnologias educacionais e qualidade de ensino é real e deve ser analisada com bastante cautela. É necessário fazer um bom investimento financeiro, de fato, mas o retorno proporcionado por tal decisão tem um grande potencial de colocar a IES entre as principais do mercado, como através de laboratórios completos, computadores, tablets, tecnologias de conectividade e afins.
- Preze por uma experiência completa aos alunos, até no extraclasse. O aprendizado não precisa (e nem deve) ficar contido apenas às salas de aula, mas também se estender a visitas, eventos, feiras, exposições e quaisquer outras atividades capazes de enriquecer o currículo acadêmico dos alunos.
- Ofereça diferentes condições de pagamento e possibilidades de ingresso. Por vezes, o que pode afastar os alunos da IES não é sua qualidade, mas sim a falta de recursos financeiros por parte dos interessados. Para resolver este problema, vale a pena pensar em alternativas de crédito estudantil, como bolsas internas, programas do Governo ou mesmo parcerias com instituições financeiras, por exemplo,
Qualidade acadêmica e resultados financeiros devem andar de mãos dadas
Não há como dissociar os assuntos, que estão mais ligados do que você pôde pensar em um primeiro momento. Isso ficou claro com os dados que analisamos e as dicas que oferecemos para melhorar o desempenho das instituições de ensino.
Quanto maior for a qualidade acadêmica, melhores devem ser os resultados no orçamento, o que pode ser obtido de várias formas, do uso de um sistema de gestão de provas à escolha minuciosa e criteriosa do corpo docente.
Este, inclusive, é um motivo que corrobora para que as IES se empenhem em melhorar continuamente sua qualidade de ensino. As que são avaliadas pelo MEC com nota 4 e 5 se posicionam como destaques em seu segmento, o que atrai alunos em maior quantidade e também dispostos a investir mais por isso.
Se a sua IES não vem demonstrando os resultados desejados, analise o que pode ser melhorado. Caso os números sejam positivos, faça a mesma análise, mas em busca do que está dando certo, de modo a potencializar ainda mais seu desempenho financeiro.
O credenciamento do MEC é apenas o primeiro passo para as atividades de uma Instituição de Ensino Superior, seguido dos recredenciamentos e de todos os demais trâmites pelos quais ela tem que passar, e quem deseja ter bons números nos relatórios financeiros deve buscar continuamente pela excelência.