Educação disruptiva: como seu time docente pode ser a maior disrupção nos seus cursos de Ensino Superior

Sumário

Os motores para a disrupção na educação podem já estar dentro do seu time: basta que recebam o combustível certo para oferecer a tração desejada.

Nós vivemos num tempo em que “disrupção” se transformou em uma buzzword, ou seja, uma palavra “da moda” no mundo dos negócios. A disrupção associada à tecnologia é muito comentada, e uma de suas vertentes, de grande valor, está bem diante de nossos olhos: a educação disruptiva.

Ao mesmo tempo em que ela se mostra como uma oportunidade valiosa para que as instituições de ensino superior consigam atrair a atenção de novos alunos em um cenário tão competitivo, isso também parece ser algo complicado de se atingir e estabelecer.

Porém, temos uma excelente notícia: os motores para transformar a disrupção na educação em realidade na sua IES podem já estar aí, na sua equipe docente, prontos para levá-la a um patamar ainda mais elevado e, assim, destacá-la em meio à concorrência.

Continue conosco para entender qual é o significado deste termo, além de saber o que fazer para melhorar ainda mais cada valioso elemento da sua equipe.

O que é educação disruptiva?

educação disruptiva

Antes de mais nada, vamos entender primeiro o que é disrupção, um termo tão comentado, mas nem sempre plenamente compreendido.

Disrupção é uma mudança radical em um setor ou mercado que tenha sido causada por inovações tecnológicas. A definição, portanto, já deixa claro que dificilmente algum segmento ficará imune à disrupção, já que o desenvolvimento da tecnologia se dá em passos super acelerados.

Para ajudar a fixar ainda mais seu significado, podemos olhar para alguns exemplos claros de disrupção que aconteceram em nosso cotidiano, como os seguintes:

  • Netflix, Prime Video, HBO GO e outros serviços de streaming, que afetaram diretamente a indústria do entretenimento;
  • Wikipédia para o compartilhamento de conhecimento, o qual é atualizado constantemente e está disponível de graça;
  • LEDs para iluminação, os quais antigamente eram usados, via de regra, apenas como luzes indicadoras em sistemas eletrônicos e afins;
  • Smartphones, que junto com suas lojas de aplicativos mudaram completamente a forma com que interagimos com produtos e serviços online, muitos dos quais ainda nem existiam.

Apenas para complementar, uma observação interessante: a Uber pode ser associada em nosso imaginário como algo disruptivo, mas, de fato, isso não é verdade, pois seus primeiros clientes já usavam táxis, ou seja, o serviço não era destinado a pessoas que ainda não eram consumidoras na área.

Além disso, o Uber (e outros aplicativos e serviços similares) é mais conveniente, barato e confiável, além de ter um sistema interessante de avaliações, mas não oferece nada muito aquém do que os táxis já entregavam. Logo, mesmo que seja revolucionário, não foi disruptivo.

Neste cenário, temos também a educação disruptiva, que visa quebrar um modelo já estabelecido para melhorá-lo. Muitos especialistas acreditam que a mudança é necessária e urgente, já que o sistema atual ainda está ancorado em práticas do século passado e, por isso, não se comunica com a era digital.

Um deles foi Ken Robinson, escritor, palestrante, professor e consultor internacional, o qual está entre os nomes mais conhecidos no mundo da educação. Ele defendia que os sistemas educacionais antigos não foram desenvolvidos com este mundo em mente.

O livro “Escolas Criativas: A Revolução que está Transformando a Educação”, de Robinson e de Lou Aronica, pergunta aos leitores se as escolas matam a criatividade. Se você ficou curioso, pode ler um trecho neste artigo do Washington Post (em inglês).

Curtis Johnson, um dos escritores do livro “Inovação na Sala de Aula: Como a Inovação Disruptiva Muda a Forma de Aprender”, traz uma explicação bem interessante, não exatamente sobre educação disruptiva, mas sim sobre a falta dela.

Ele diz que a forma atual de ensinar é, em tradução livre “incapaz de proporcionar aos pupilos de hoje as habilidades que precisam dominar para interagir com a sociedade digital e dentro dela”.

Um infográfico desenvolvido pela Iberdrola separou alguns fatores chave para um modelo de educação disruptiva, os quais respondem exatamente a pergunta que fizemos neste tópico. Confira:

  • Compromisso com o treinamento precoce. O objetivo é garantir o acesso dos estudantes ao mundo atual como nativos digitais.
  • Aprendizagem customizada. Treinamentos sob medida são vitais para garantir que cada aluno obtenha o máximo do seu potencial.
  • Integração da Inteligência Artificial. Ela está começando a ser usada na análise de dados e em processos de gestão para melhorar a educação.
  • Reforço de habilidades digitais. Os treinamentos digitais são vitais para entrar tanto no atual quanto no futuro mercado de trabalho.
  • Encorajamento do pensamento crítico. Os profissionais devem ser treinados para saber tão bem como consumir informações quanto como analisar e contrastar tais informações.

Leia também: Como funciona a aprendizagem adaptativa?

Como anda a disrupção na educação superior?

Esta é uma necessidade latente, com bons caminhos já estabelecidos, como os que vimos acima, mas mesmo que já seja aplicada, é inegável que a educação disruptiva no ensino superior ainda tem muito a crescer.

A pesquisa “The State of Innovation in Higher Education: A Survey of Academic Administrators”, desenvolvida pela Learning House e pelo Online Learning Consortium, traz uma série de informações bastante relevantes sobre o tema.

Para o propósito deste estudo, “inovação” foi definida como a implementação de novas iniciativas para impulsionar o crescimento, aumentar o faturamento, reduzir os custos, diferenciar as experiências ou ajustar a proposição de valor.

O estudo inclui uma pesquisa escrita com mais de 100 administradores acadêmicos, além de entrevistas por telefone conduzidas com 11 administradores acadêmicos.

As principais conclusões da pesquisa foram as seguintes:

  • O ensino superior não possui uma definição padronizada para inovação.
  • Basicamente, o ensino superior vê a inovação como um meio de resolver problemas.
  • A chave é um balanço entre liderança administrativa e iniciativa operacional.
  • Como a inovação geralmente depende da colaboração entre os departamentos, problemas estruturais e fatores culturais são as barreiras mais comuns para o sucesso.

A análise dos números também ajuda a ter um bom panorama sobre a educação disruptiva. Quando perguntados sobre como os entrevistados classificariam suas escolas em relação à sua posição em inovação, as respostas foram as seguintes:

  • Na vanguarda da inovação (22%)
  • Uma “seguidora rápida” quando se trata de inovação (28%)
  • Provavelmente na média em comparação às outras quando se trata de inovação (32%)
  • Um pouco tradicional e, de certa forma, mais lenta para inovar (16%)
  • Bem atrás na escala de inovação (2%)

Quando a pergunta foi sobre o fato de a inovação ser uma prioridade no planejamento estratégico ou acadêmico, as respostas foram:

  • Sim, está em nosso planejamento estratégico (55%)
  • Sim, está em nosso planejamento acadêmico (9%)
  • Sim, está em ambos os planejamentos (27%)
  • Não está em nenhum dos dois planejamentos (9%)

O papel dos alunos também foi questionado. Quando perguntados sobre até que ponto os alunos impulsionam a inovação em seu campus, as respostas foram as seguintes:

  • Papel significativo (19%)
  • Papel moderado (36%)
  • Papel mínimo (32%)
  • Nenhum papel (13%)

Mais um ponto interessante levantado foi sobre os principais objetivos para inovação nas instituições dos entrevistados hoje. As respostas foram as seguintes, sendo que a primeira porcentagem diz respeito a quem colocou aquela resposta como a principal e a segunda para quem o fez entre as três principais:

  • Garantir o acesso dos alunos: 47% / 68%
  • Aumentar a sustentabilidade: 9% / 21%
  • Criar novos programas de graduação: 8% / 32%
  • Reduzir os custos: 7% / 32%
  • Desenvolver novas parcerias fora da instituição: 5% / 25%
  • Desenvolver novos métodos de ensino: 5% / 31%
  • Criar credenciais alternativas: 4% / 32%
  • Fazer experiências com tecnologias emergentes: 3% / 18%
  • Explorar a aprendizagem experiencial: 3% / 14%
  • Melhorar o marketing: 1% / 12%
  • Explorar o aprendizado baseado em competências: 0% / 12%
  • Outros: 3% / 4%

Sugerimos fortemente a leitura da pesquisa completa, que traz uma série de insights sobre a realidade atual, os objetivos e desafios da educação disruptiva.

Afinal, como seu time docente pode impulsionar a educação disruptiva?

Depois de analisar uma série de informações importantes e relevantes, que ajudam a ter um panorama sobre a disrupção na educação, é chegada a hora de entender de que forma a equipe docente pode ser a força motriz por trás dessa transformação tão importante.

É claro que há vários meios de tornar isto em realidade, mas a IES deve investir no aprimoramento dos profissionais que já compõem o seu corpo docente, lapidando-o para as atuais necessidades e demandas do cenário educacional.

O artigo “Formação docente: como desenvolver profissionais para cenários diversos”, aqui do nosso blog, é um complemento indispensável quando falamos sobre a preparação da equipe docente para a disrupção na educação.

Nele, nós trouxemos uma série de dicas relevantes sobre a formação de docentes para a nova educação, que deve passar pelo preparo para lidar confortavelmente com a tecnologia, pela equipagem socioemocional, pelo olhar orientado para dados e pelo incentivo à residência pedagógica.

Todas são dicas importantes, mas quando falamos sobre disrupção na educação e o que as IES podem fazer por suas equipes, um item se encaixa perfeitamente aqui diz respeito aos esforços das instituições para a atualização dos formadores.

Ora, a educação disruptiva deve passar por dois pontos: pela aplicação de técnicas, práticas e métodos para garantir a formação e o desenvolvimento intelectual e moral dos estudantes; e pela preparação para lidar com as novas demandas educacionais.

Seu corpo docente já domina com louvor a primeira parte, que tange à educação. Logo, ajudá-los a lidar de uma maneira tranquila e confortável com as necessidades disruptivas do ensino superior atual pode ser a chave para atingir este tão desejado patamar.

Esta, inclusive, é uma ótima aplicação para a verba reservada ao treinamento dos profissionais da IES. Desta forma, eles poderão mesclar o conhecimento que já possuem sobre educação ao modus operandi exigido hoje por estudantes que nascem em um mundo conectado.

No final das contas, esses esforços da IES por seus profissionais farão com que a equipe docente seja ainda mais forte e preparada para a nova educação, ou seja, todos saem ganhando.

Algumas áreas para as quais as IES podem olhar com carinho para investir no aprimoramento de seu corpo docente são as seguintes:

  • Inteligência emocional;
  • Habilidades comportamentais (as chamadas soft skills), como liderança de equipes, colaboração, flexibilidade, proatividade, ética profissional e empatia;
  • Autogestão de carreira;
  • Pensamento crítico;
  • Aprendizagem multidisciplinar, entre outras.

Em um cenário em que as competências técnicas são essenciais, mas não suficientes para um mercado e uma sociedade que tanto cobram por polivalência e adaptabilidade, essas são habilidades fundamentais.

Tendo isto posto, cabe a cada IES equipar seu corpo docente com toda a qualidade que eles merecem. Assim, os profissionais aprenderão, na prática, o que a educação disruptiva cobra e, consequentemente, poderão preparar seus alunos para lidar adequadamente com o mundo que os cerca.

No final das contas, investir nessas frentes tende a trazer resultados magníficos aos professores, alunos, à instituição e, em larga escala, a toda a sociedade.
Para concluir, a educação disruptiva é desafiadora, de fato, mas sua IES é uma das protagonistas dessa transformação. Quanto antes essa virada de chave for feita, mais rapidamente ela poderá se consolidar como uma instituição que, de fato, coloca a disrupção na educação como prioridade.

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