A educação inclusiva vai muito além de possibilitar o acesso de pessoas com deficiência a uma educação de qualidade. Ela é um processo pedagógico e social, que valoriza a pluralidade de corpos e mentes, promovendo a integração de todas as pessoas na sociedade.
Quando pensamos em educação inclusiva, estamos pensando na educação do futuro.
Até tempos atrás, discutia-se sobre educação especial. Neste modelo, escolas específicas eram preparadas para fornecer condições adequadas de aprendizado a grupos que antes viviam à margem do processo educacional – alunos com algum tipo ou grau de deficiência física, motora, intelectual, visual, auditiva, entre outras.
Esse tipo de abordagem já não condiz com a realidade da sociedade atual. Uma sociedade que está aprendendo a enxergar a diversidade com o olhar da inclusão.
Hoje, entende-se que promover a convivência entre pessoas com diferentes vivências e necessidades é tão importante para a formação do indivíduo quanto o processo de aprendizagem em si.
Por isso, é fundamental que, sempre que possível, pessoas com deficiência frequentem escolas regulares, iniciando assim o seu processo de inclusão desde a infância.
Além disso, tal iniciativa também permite que os demais alunos aprendam desde cedo a lidar com as diferenças presentes na sociedade.
O que diz a legislação sobre educação inclusiva?
A mudança de paradigma entre educação especial e educação inclusiva encontra respaldo na legislação brasileira.
O Plano Nacional de Educação, aprovado pela Lei nº 13.005/2014, reúne um conjunto de metas a serem atingidas pela educação brasileira até o ano de 2024. A meta nº4 do plano diz:
“Universalizar, para a população de 4 (quatro) a 17 (dezessete) anos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, o acesso à educação básica e ao atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede regular de ensino, com a garantia de sistema educacional inclusivo, de salas de recursos multifuncionais, classes, escolas ou serviços especializados, públicos ou conveniados”.
Sendo assim, passa a ser uma prioridade das escolas da rede regular de ensino se adaptarem para receber os mais variados tipos de alunos.
Tanto aqueles que apresentam dificuldade de aprendizado, quanto os popularmente conhecidos como “superdotados”, que possuem altas habilidades e também necessitam de recursos específicos para o seu bom desenvolvimento pedagógico.
Alguns pilares para uma educação inclusiva
Partindo do princípio que a educação inclusiva transformou acessibilidade na palavra-chave quando pensamos no ambiente escolar, instituições de todo o Brasil passaram a ter novas preocupações a fim de tornar esse acesso possível.
E, como veremos a seguir, isso vai muito além de um discurso inclusivo. É preciso tomar medidas concretas, como por exemplo:
Adaptações físicas de acessibilidade
Por vezes, adaptações na infraestrutura arquitetônica da instituição se fazem necessárias, entre elas:
- Substituição de escadas por rampas, permitindo a locomoção de pessoas em cadeiras de rodas.
- Colocação de faixas no piso, com textura e cor diferenciadas, para facilitar a locomoção de pessoas com algum grau de deficiência visual.
- Retirada de obstáculos que possam colocar em risco a segurança de pessoas com deficiência visual – como pilastras de concreto, por exemplo. Caso não seja possível retirar, certificar-se de que todas se encontram devidamente sinalizadas.
- Instalação de sinalização visual que acompanhe os sinais sonoros. Como o sinal que decreta o início e o fim do recreio, por exemplo, para que deficientes auditivos também possam receber a informação.
Oferecer diferentes tipos de materiais adaptados
Alunos diferentes requerem diferentes abordagens e, consequentemente, diferentes tipos de materiais. Portanto, é interessante que a escola observe seus alunos e invista em:
- Materiais adequados para alfabetização em LIBRAS e em BRAILE.
- Livros falados e audiobooks.
- Softwares e programas que permitam que pessoas com deficiência visual utilizem o computador.
- Teclados e mouses inclusivos, que permitam que pessoas com dificuldade motora e/ou cognitiva escrevam com mais facilidade.
Oferecimento de apoio e capacitação da equipe
Também é fundamental que a equipe docente esteja preparada para lidar com os mais diversos tipos de alunos. E é papel da instituição garantir este preparo. Isso pode ser feito de duas formas, que devem ocorrer de maneira simultânea:
A primeira é investindo na formação continuada e capacitação dos docentes que já estão na instituição.
Através de cursos, palestras com especialistas e feedbacks constantes, é possível capacitar os professores para lidar melhor com a diversidade.
Além disso, é fundamental que eles se libertem de qualquer pensamento capacitista, compreendendo cada aluno como único e que, portanto, cada um irá exigir uma sensibilidade e metodologia diferentes.
Paralelamente a essa valorização dos profissionais que já fazem parte da instituição, é fundamental que a escola busque novos profissionais para funções específicas, que possam contribuir para tornar o ambiente escolar ainda mais inclusivo.
Por exemplo: intérpretes de libras, psicólogos especializados em crianças com deficiência, especialistas em crianças com altas capacidades, entre outros.
O trabalho em conjunto é essencial
Formação de redes de apoio
A educação inclusiva é um processo. Ela está em constante formação e precisa da participação de todos.
Pais, professores capacitados, profissionais especializados e, principalmente, os próprios alunos que são PCD devem ser ouvidos e ter suas opiniões levadas em conta. Com esse diálogo, será possível derrubar os mitos em torno do assunto
Pensamentos estes que podem prejudicar tanto o progresso educacional quanto a auto-estima dos alunos PCD.
Tenha um projeto pedagógico que tenha a Educação inclusiva
Por fim, é importante que todos que trabalham pela educação inclusiva sejam guiados pela mesma bússola. E essa bússola deve ser o Projeto Pedagógico da Instituição.
É nele que todas as estratégias de ensino, prioridades, metodologias e metas serão estipuladas.
Sendo assim, é imprescindível que nele contenham iniciativas concretas sobre a promoção da educação inclusiva. Dentre elas, a previsão de investimento em novas tecnologias, por exemplo.
Somente desta forma será possível tornar a educação inclusiva um elemento integrante do DNA da Instituição Escolar.
A Educação Básica está mudando e você precisa acompanhar!
Conforme adentramos na terceira década do século XXI, o mundo que conhecemos passa por diversas transformações, tanto sociais quanto tecnológicas.E como não poderia deixar de ser, a educação acompanha essas mudanças, a fim de usar tais avanços para encontrar métodos de ensino mais modernos e plurais.
É imprescindível que tanto profissionais quanto instituições estejam atentos a essas transformações e como elas mudam o rumo da construção da nossa sociedade.
A educação inclusiva é apenas uma dessas mudanças. Quer conhecer as outras? Então baixe o Infográfico “7 Lições recentes sobre a Educação Básica”, montado pelo Prova Fácil, e esteja mais próximo da educação do futuro.