A Era da Desinformação: saiba como ensinar seus alunos em meio a tantas “fake news”

Sumário

Em um mundo em que todos podem expressar seus pensamentos e preferências na internet (o que é ótimo), deve-se saber como distinguir o que é fato e o que não é.

No dia 27 de maio, é comemorado o Dia Mundial dos Meios de Comunicação, data estabelecida em 1865 pela ONU graças à criação da União Internacional de Telecomunicações e que é muito propícia para este debate, já que vivemos a “Era da Desinformação” mesmo sem que a “Era da Informação” tenha acabado.

Se a Era da Informação iniciou-se em meados do século XX, incentivada pela criação e popularização dos microprocessadores e computadores pessoais, e ainda se mantém, tendo influência direta na Educação, inclusive no Ensino Básico, é inegável que este posto é hoje compartilhado também pela Era da Desinformação.

Saber como combater a desinformação é algo que deve vir desde a infância, e é aí que entra o papel das escolas, determinantes para a construção de um pensamento crítico que permita aos estudantes identificar o que é fato do que pode não ser e, assim, evitar cair em ciladas e armadilhas.

Nos acompanhe na leitura para aprender a cortar este mal pela raiz e, assim, fazer todo o possível para que a desinformação não se propague ainda mais nas próximas gerações.

Tecnologia e sala de aula: uma relação conturbada

Não podemos negar que a tecnologia tem um grande potencial na educação. Prova disso é sua importância durante a pandemia, permitindo que os processos de ensino-aprendizagem sejam mantidos mesmo à distância. Porém, embora ela tenha seus benefícios, também traz alguns males.

A tecnologia ajuda na aprendizagem, pois permite que os alunos aprendam melhor com o auxílio de novos recursos e funcionalidades, os quais ampliam significativamente os limites que antes muitas vezes acabavam nas paredes das salas de aula.

Porém, por outro lado, ter tanta tecnologia ao nosso alcance também pode ter seus pontos negativos na sala de aula, como na dispersão dos alunos, que possuem um universo de informações e possibilidades literalmente na ponta de seus dedos.

Além desse grande volume de dados e informações, há que se tomar muito cuidado hoje com o fenômeno da desinformação, responsável por fazer com que boa parte do que está na internet não seja bem uma verdade – ou, em alguns casos, seja uma completa falácia.

No final das contas, a tecnologia é uma mão na roda para melhorar a qualidade do ensino e permitir que ele atinja mais pessoas. Porém, é justamente nas salas de aula (quer presenciais, quer virtuais) que os estudantes podem desenvolver sua inteligência digital e, assim, identificar possíveis desinformações.

O que é desinformação?

É um termo que designa informações falsas ou imprecisas, especialmente aquelas que foram criadas com a intenção de enganar. Essa definição já nos ajuda a entender como realmente vivemos na Era da Desinformação.

O termo “Era da Informação” foi usado pela primeira vez por Richard Leghorn, pioneiro em fotografia aérea de espionagem na Guerra Fria, no livro “Top Management Handbook”, de Harold Bright Maynard, em 1960.

De acordo com o Google Books Ngram Viewer, que mostra quantas vezes uma palavra ou frase foi encontrada em livros, nunca se falou tanto sobre desinformação (no caso, misinformation) na literatura quanto hoje.

Outro ponto que comprova como é importante falar sobre o que é desinformação é que a Oxford Languages definiu a palavra do ano de 2016 como “pós-verdade” (post-truth).

De acordo com sua definição, este é um adjetivo que visa “relacionar ou denotar circunstâncias em que fatos objetivos são menos influentes na formação da opinião pública que apelos à emoção e à crenças pessoais”, em tradução livre.

Portanto, além de toda a desinformação a que somos submetidos diariamente, a escolha dessa palavra por uma das maiores referências em conhecimento linguístico é um diagnóstico preciso da Era da Desinformação.

A era das Fake News

Não há como falar sobre desinformação sem citar as Fake News (notícias falsas), que estão entre os principais expoentes dessa era em que vivemos.

Basicamente, fake news são notícias falsas publicadas por veículos de comunicação como se essas fossem reais. Geralmente, elas têm o objetivo de validar algum ponto de vista ou prejudicar determinadas pessoas ou grupos, em especial figuras públicas.

Há que se abrir um parêntese aqui: em sua essência, as fake news são aquelas criadas propositalmente para serem falsas e influenciar no julgamento do público. Isso não significa que uma notícia compartilhada erroneamente, mas sem tal intenção, mereça ser caracterizada como fake news.

O grande perigo é o altíssimo alcance que as redes sociais e aplicativos de comunicação possuem hoje em dia. Isso é ótimo, mas, por outro lado, abre margem para que muitas pessoas compartilhem notícias sem sequer abrir o link para ler do que se tratam.

Isso, então, causa um fenômeno que leva os outros a acreditarem que tal notícia é verdadeira. Afinal de contas, fica mais difícil duvidar da veracidade de algum conteúdo se ele conta com milhares de curtidas, compartilhamentos e comentários.

Uma frase de Joseph Goebbels, nomeado ministro da propaganda da Alemanha Nazista em 1933, já tem muitas décadas, mas se aplica perfeitamente ao que estamos falando em relação às fake news. Em tradução livre, ela diz o seguinte: “Uma mentira dita mil vezes torna-se verdade.”

Duas pesquisas mostram como este é um problema grave em nossa sociedade, acompanhadas de suas respectivas fontes (justamente para validar sua credibilidade):

Como identificar uma notícia falsa?

A construção do pensamento crítico passa pela análise das informações em busca de sua veracidade. Por isso, é indispensável saber como identificar fake news, e algumas dicas para lhe ajudar são as seguintes:

  • Cheque a fonte. Verifique se o endereço da página não tem erros de digitação. Caso tenha alguma dúvida, pesquise aquela notícia dentro do site oficial de quem supostamente a divulgou.
  • Veja quem está falando sobre aquela história. Veículos de comunicação profissionais e com credibilidade raramente divulgam informações falsas, já que são muito criteriosos com o assunto.
  • Examine as evidências. Histórias possivelmente verdadeiras costumam ter citações de especialistas, pesquisas, dados e outras informações similares.
  • Não acredite piamente em imagens e vídeos. Hoje em dia, tecnologias como o deepfake permitem manipular rostos e, assim, criar vídeos em que pessoas supostamente disseram algo, mas que são falsos. Alguns sinais de manipulação são distorções na imagem ou sombras estranhas, por exemplo. Na dúvida, verifique as redes sociais oficiais daquela pessoa.
  • Recorra às agências de fact-checking. Basicamente, elas buscam verificar os fatos para saber se notícias são verdadeiras ou não. No Brasil, as mais conhecidas são Agência Lupa, Aos Fatos, Fato ou Fake e Projeto Comprova.

Educação na Era da Desinformação: como as escolas podem ajudar?

As dicas anteriores são valiosas, mas quando falamos sobre o ambiente escolar, com seus processos formativos para crianças e jovens, podemos aplicar outras práticas, como as seguintes:

  • Promova discussões em sala de aula. O conceito de avaliação inovadora traz uma série de novos formatos para se avaliar, e um deles é por meio de debates, que podem ser promovidos em torno de algumas notícias. A tarefa dos alunos, então, será pesquisar e pensar se elas devem ser verdadeiras ou não, por exemplo.
  • Trabalhe o combate à desinformação como um conceito, não uma disciplina. Não é necessário ter uma matéria sobre “Combate à Desinformação” ou algo parecido. Ao invés disso, vale a pena trazer atividades e trilhas de aprendizagem que passem por este assunto em diferentes disciplinas.
  • Traga temas do presente para a rotina escolar. A concepção de formação integral visa desenvolver os alunos em todas as suas dimensões formativas, como destacado na BNCC. Isso passa pela análise e discussão de temas do cotidiano, que ajudarão os alunos a diversificarem fatos de boatos.
  • Conscientize sobre a importância das redes sociais, mas também de seus perigos. Dizer para que os alunos não tenham perfis em redes sociais e apps de comunicação pelo perigo das fake news seria como instruí-los a não usar as ruas pelo perigo de acidentes. Ao invés da proibição, foque na conscientização de um uso responsável e inteligente.

Leia também: Formação integral: entenda como os processos avaliativos são importantes para o sucesso desta concepção

Pensamento crítico: a chave para combater a Era da Desinformação

Seja da desinformação seletiva ao conceito geral, esta é uma prática que deve ser combatida com todas as forças, e a melhor forma de fazê-lo é ajudar no desenvolvimento do pensamento crítico por parte dos estudantes, sendo que as escolas são os lugares ideais para fazê-lo.

Por isso, faça todo o possível em sua instituição de ensino para conscientizar os alunos sobre a importância de lutar contra este inimigo. Afinal, ensinar na Era da Desinformação traz suas dificuldades, mas a educação é um dos meios mais poderosos de cortar este mal pela raiz.

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