Inteligência Digital: enquanto as gerações anteriores passaram pela transformação digital, as atuais já nascem neste cenário, e é essencial ensiná-las a lidar com ele.
A educação é um organismo vivo e em constante evolução. Se em séculos passados o objetivo era ensinar apenas o essencial para se tornar um bom operário nas indústrias, hoje o conceito é totalmente diferente, muito mais amplo e com uma necessidade latente pelo ensino da inteligência digital.
A definição de “Geração Z” varia de acordo com cada fonte: há quem diga que ela se iniciou a partir dos nascidos em 1996, enquanto outros afirmam que seu início se deu em 2000. Independente disso, fato é que as crianças de hoje não precisam passar pela transformação digital, pois já nascem neste contexto.
Tal transformação se intensificou ainda mais desde 2020, com a chegada da pandemia e grande destaque para o cenário educacional, com o ensino remoto e híbrido. Portanto, se a transformação digital na educação já era forte, hoje ela está a todo vapor.
O fato de boa parte das crianças não precisar passar pela transformação digital é um ponto positivo pela facilidade que elas possuem no uso das novas tecnologias. Porém, em contrapartida, isso não traz aquele receio natural trazido pela novidade, o que também tem seus pontos negativos.
É isso o que a inteligência digital visa combater, e é sobre este assunto que trataremos aqui. Nos acompanhe na leitura para entender mais sobre tal inteligência e como abordá-la em sua escola, algo que será de grande valia para toda a vida dos nossos futuros jovens e adultos.
O que é inteligência digital?
Há várias definições para o termo, e muitas delas foram compiladas em um ótimo estudo: “Memories from the future. Is Digital Intelligence what matters in the forthcoming society?” (Memórias do futuro. Será que a Inteligência Digital é o que importa na sociedade futura?)
O estudo, de Loredana Manasia, Andrei Pârvan e Maria Gratiela Ianos, foi apresentado na 10ª Conferência Internacional de Educação e Novas Tecnologias de Aprendizagem, em Palma (Espanha), no mês de julho de 2018, mas é super atual e merece ser lido para aprender mais sobre inteligência digital.
Algumas definições para Digital Intelligence, abreviada como DQ, são as seguintes, em tradução livre e com suas respectivas fontes:
- Um conjunto de capacidades sociais, emocionais e cognitivas que ajuda as crianças a minimizarem os riscos e pressões das mídias digitais e a maximizar suas oportunidades. (Yuhyun Park, fonte)
- A habilidade de adquirir e aplicar novos conhecimentos relacionados a tecnologias digitais. É mais que a habilidade de usar ferramentas digitais: ao invés disso, saber por que, o que, como e quando usar a tecnologia digital para melhorar a efetividade e os resultados. A inteligência digital é fundamentalmente sobre nosso relacionamento com a tecnologia. (Simon Waller, fonte)
- A soma de competências técnicas, mentais e sociais que são essenciais para a vida digital. (DQ Institute, fonte [a página citada como fonte no artigo não está mais disponível, mas a mesma definição aparece na que citamos aqui])
Em suma, podemos dizer que a inteligência digital consiste em fazer o melhor uso possível das tecnologias digitais, conhecendo seus riscos e benefícios para, assim, lidar com a realidade de uma forma mais tranquila, com a devida preparação para que a experiência seja tão positiva quanto possível.
Por que trabalhar a inteligência digital nas escolas?
As três definições que vimos acima explicam bem o que é inteligência digital, além de mostrar claramente porque o tema deve ser abordado nas escolas.
Em suma, as crianças já nascem em um mundo digital. Por isso, elas precisam de uma base sólida para saber como lidar com esta realidade, que só tem a se intensificar com o passar do tempo.
Com essa base, elas estarão preparadas para lidar com os desafios com que invariavelmente se depararão em suas vidas, não apenas na infância como também para além dela.
Principais desafios de trabalhar a inteligência digital nas escolas
Nós citamos aqui, em fevereiro do ano passado, que um dos desafios para 2020 seria a transformação digital nas instituições de ensino. Não sabíamos, porém, que a atual situação do mundo tomaria proporções tão grandes e que essa transformação seria ainda mais importante.
Além da transformação digital na educação propriamente dita, há outros desafios relacionados à inteligência digital, como os seguintes:
- Formação dos professores. Por vezes, muitos docentes não aprenderam sobre inteligência digital em sua formação, já que este não era um tema em voga à época.
- Desigualdade de acesso. De acordo com dados da pesquisa TIC Kids Online Brasil 2019, 11% das crianças e adolescentes não tinham acesso à internet no ano citado, o que equivale a 3 milhões de pessoas de 9 a 17 anos. O percentual era de 14% no ano anterior, mas mesmo com essa diminuição, ainda é grande o número de crianças e jovens sem acesso à internet.
- Dificuldade em avaliar a inteligência digital. Por se tratar de um tema relativamente novo, pode ser um pouco difícil e subjetivo avaliar o desempenho dos alunos em relação a este conjunto de competências.
Como trabalhar a inteligência digital nas escolas?
Os desafios existem, de fato, mas felizmente podem ser superados com estratégias bem planejadas, como as seguintes:
- Capacitar os professores. Se este é um tema que está em ascensão agora, o ideal é investir na capacitação dos docentes, como por meio de cursos de atualização e aperfeiçoamento. Assim, eles terão o devido embasamento para ensinar sobre inteligência digital.
- Explicar não apenas as problemáticas, mas também seus motivos. Por mais que o universo digital seja tão amplo e profundo, ficar focado apenas nele e deixar de se concentrar no “mundo físico” é prejudicial. Porém, é importante mostrar às crianças com clareza os possíveis riscos, como o compartilhamento de informações sigilosas e o contato com conteúdos impróprios, para que eles entendam a seriedade do assunto.
- Estipular limites. Em consonância com o que vimos acima, a inteligência digital também deve passar por um uso consciente da tecnologia, com seus devidos limites. Afinal, ela é uma ferramenta importante, mas que não precisa (e nem deve) ser usada a todo momento.
- Integrar a inteligência digital na solução de problemas. Não é obrigatório que a escola tenha uma matéria que trata exclusivamente sobre a inteligência digital. Questões que abordem o tema podem ser tratadas ao longo de todo o currículo escolar, de modo que a assimilação dos conteúdos seja natural e interligada a situações do cotidiano.
Inteligência digital: uma competência essencial para crianças e jovens
Viver em sociedade exige o cumprimento de regras e normas de boa convivência, algo que já é aprendido desde o berço. Na prática, a mesma conduta se faz necessária no mundo digital, embora este não seja um ensinamento tão comum e presente na vida das crianças.
Com um crescimento avassalador do digital, não há como deixar o assunto em segundo plano. Afinal, ele faz parte da vida dos pequenos desde o berço, e se eles souberem como lidar com todo esse volume de informações, mensagens e possibilidades, sua vida tende a ser muito mais segura e protegida.
Se você quer passar a integrar a inteligência digital no currículo de sua escola, além de seguir as sugestões deste texto, também recomendamos nosso infográfico “Checklist da transformação digital”. Assim, você poderá contribuir ainda mais com a formação das crianças e jovens que serão os adultos do amanhã.
Baixe grátis o Checklist da Transformação Digital na Educação