Com o passar do ano a sala de aula, que começou cheia, vai ficando vazia. Alguns nomes de alunos que passaram a faltar mais que esporadicamente vão sendo riscados da lista de chamada. Pronto, está escancarado um dos principais problemas da educação no Brasil: a evasão escolar.
No início deste ano o Ministério da Educação lançou mão de uma força-tarefa para identificar os 1,6 milhão de jovens entre 15 e 17 anos que, após encerrarem o ano letivo de 2014, não renovaram suas matrículas no ano passado. O dado alarmante foi mostrado pelo Censo Escolar 2015. O Brasil apresenta a terceira maior taxa de evasão escolar do mundo, entre os 100 países com melhores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH). Se combater o problema é tarefa do poder público, a escola também pode fazer sua parte e aumentar a taxa de retenção dos estudantes dentro da sala de aula. No texto de hoje vamos mostrar 5 causas e 5 maneiras de minimizar o problema.
Falta de interesse gera evasão escolar
Uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) revelou que 40% dos alunos alegam falta de interesse no conteúdo ensinado como a principal causa para se afastar da sala de aula. Conforme o estudo, os estudantes não veem sentido prático no conteúdo transmitido pelos professores. Um outro levantamento, feito pela Fundação Victor Civita com parceria de outras empresas, mostra que as disciplinas de matemática e português são tidas como as mais úteis (por cerca de 80% dos alunos). Geografia, história, biologia e física só são bem avaliadas por 36% dos estudantes e a disciplina de literatura só é considerada útil por 19%.
Esses dados podem refletir uma característica ainda bastante comum no método de ensino usado pelos professores nas escolas brasileiras. Alunos da geração que estão em idade escolar hoje tem um perfil bem diferente dos estudantes das últimas décadas. Isso faz com que aulas monótonas, com pouca abertura para participação dos alunos e pouco ou nenhum incentivo ao uso de tecnologia sejam repelidas por eles. Introduzir novidades, mudar o método de ensino e procurar entender o que querem os alunos é um passo fundamental para mudar essa realidade.
Necessidade de complementação de renda
Essa é a segunda causa mais frequente para a evasão escolar, conforme a pesquisa da FGV. Quase um terço dos alunos que abandonam a escola, têm que deixar a sala de aula por necessidade de arrumar um emprego e ajudar nas contas de casa. E como, nesse aspecto, a escola pode ajudá-lo?
Embora um professor ou um coordenador pedagógico não possam resolver o problema financeiro da família de um aluno, devem ser eles os primeiros a notar uma mudança de comportamento do jovem e acionar os órgãos responsáveis. Se um estudante passou a faltar demais de uma hora para outra, é hora de deixar o alerta ligado.
Problemas na família
Casos como afastamento por causa de doença ou problemas na família também são frequentes entre os alunos que deixam a sala de aula para trás. E, nessa hora, somente a proximidade entre professores, coordenadores, alunos e pais é que pode fazer a diferença. Ou seja, uma comunidade escolar unida pode aumentar a taxa de retenção.
Se o jovem passa por um momento difícil em casa, ele precisa receber apoio (e não cobrança) da escola para não largar os estudos. E isso, muitas vezes, significa dar um tratamento diferenciado, como abonar faltas que forem justificadas ou deixar que eles possam levar exercícios para casa.
Dificuldades de relacionamento
Outro motivo que colabora para o afastamento de estudantes da sala de aula é a dificuldade de relacionamento com coordenadores pedagógicos e professores. Alunos que não aceitam ordens ou são indisciplinados costumam ter problemas e, dependendo da circunstância, se a incompatibilidade for muito grande, acabam abandonando a sala de aula.
Mais uma vez o diálogo é o que pode ajudar a manter esse estudante dentro da sala de aula, aprendendo. Muitas vezes, um comportamento difícil esconde algum tipo de dificuldade que o jovem enfrenta. Procurar entender os motivos antes de haver algum tipo de embate ou enfrentamento com o estudante é essencial. Conversar com a família do jovem também ajuda a compreender as causas do comportamento. Isso fortalece os laços entre a comunidade escolar e ajuda a evitar novos problemas.
Seja qual dessas for a situação apresentada por seu aluno, é essencial que professor e coordenador pedagógico atuem, juntos, para identificar ainda no começo um problema pelo qual o aluno possa estar passando (dentro ou fora da escola). Você já viveu alguma dessas situações na sua escola? Escreva para a gente nos comentários.