Desde a invenção da internet até hoje, uma série de revoluções silenciosas vêm acontecendo ano após ano. Se estar conectado era um privilégio de poucas pessoas que poderiam pagar por equipamentos e pela conexão, essas ferramentas vem se democratizando. A internet chegou às cidades menores e às periferias, os smartphones com acesso a uma rede de dados ficaram mais baratos e acessíveis e, dessa forma já passamos de 3,2 bilhões de pessoas conectadas em todo o mundo – oito vezes mais que há 15 anos -, de acordo com a União Internacional das Telecomunicações (UIT), órgão vinculado à Organização das Nações Unidas (ONU). E a expectativa é de que, até o fim deste ano, quase 70% do planeta esteja coberto por planos 3G. No Brasil, metade dos habitantes estão conectados à internet, de acordo com levantamento feito pelo Banco Mundial. Isso representa quase 100 milhões de pessoas.
Apesar de haver, ainda, uma série de limitações – como, inclusive, a desigualdade de acesso ou de velocidade da banda larga – a internet se transformou em uma ferramenta capaz de amplificar as demandas de um grupo de pessoas e um espaço em que a comunicação pode fluir sem barreiras de tempo ou espaço.
No caso da educação, houve uma verdadeira revolução. Por um lado podemos pensar na introdução de novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) dentro das salas de aula, desde o mais simples aplicativo para smartphone ou tablet, até equipamentos sofisticados como robôs. Por outro, podemos pensar que a internet possibilita que o conhecimento alcance um maior número de pessoas e que cada cidadão capacitado torna-se um novo interlocutor capaz de espalhar esse conhecimento adiante. Em meio a isso, houve ainda um enorme avanço na integração entre alunos e seus pais, professores e diretores de escolas em um mesmo diálogo, aproximando a comunicação com toda a comunidade escolar.
E é sobre essa revolução o nosso artigo de hoje. Como é que a tecnologia vai revolucionar a noção que temos hoje da educação não só no Brasil, mas em todo o mundo? Boa leitura!
Falar para um é falar para mil
Pensando no modelo tradicional de ensino, com alunos matriculados em escolas públicas ou privadas, divididos em séries de acordo com o ano em que nasceram e, por sua vez, em turmas, podemos concluir que o conteúdo transmitido pelo professor em sala de aula tem alcance limitado. Por melhor que seja o docente, as informações que ele passa vão atingir os alunos que estão presentes naquele momento e, no máximo, os familiares desses estudantes – que podem ser influenciados diretamente por eles com o conteúdo aprendido na escola.
Uma das revoluções da educação em nível global que está em curso no momento vai justamente no sentido de romper com essa lógica tradicional. Por meio da internet, a educação atravessa as paredes da sala de aula, os muros das escolas e as fronteiras entre os países. Cada vez mais universidades renomadas e instituições de fomento à educação estão apostando em cursos online, capazes de atingir milhares de pessoas com o mesmo formato, ao mesmo tempo, e em vários países diferentes. Isso não significa, no entanto, que as salas de aula e o ensino presencial será abolido, claro.
Os MOOCs (sigla em inglês para Massive Online Open Course, ou seja, Curso Online Aberto e Massivo, como é conhecido na língua portuguesa) mudaram a forma de enxergar a educação. O primeiro MOOC surgiu de uma experiência na Universidade de Manitoba, no Canadá, em 2008, quando professores deram um curso presencial de 12 semanas para 25 alunos pagantes e abriram as classes para outras 2,3 mil pessoas que acompanharam o conteúdo pela internet – e de graça. Ah, o fato de boa parte dos MOOCs serem gratuitos é uma tendência na educação.
6 vantagens de se fazer um MOOC
- Gratuito e aberto: você não precisa estar matriculado em uma instituição de ensino ou ter um diploma na área do curso para se inscrever. É claro que, ter um conhecimento prévio do assunto que vai ser aprofundado no MOOC é indispensável.
- Escalável: se você for dar uma aula presencial para 10 alunos, sua preparação será uma. Se a aula for uma palestra para 100 pessoas, a programação é diferente. Com o MOOC, no entanto, isso não ocorre. Uma mesma preparação pode ser feita para atingir um número indefinido de participantes.
- Capacitação: se você não tem tempo ou dinheiro para investir em um curso de capacitação, como especialização ou uma pós-graduação, por exemplo, os cursos online podem cumprir um papel importante (apesar de não substituirem os cursos lato e strictu sensu, claro). Tirar uma ou duas horas por dia pode ser suficiente para se manter sempre atualizado.
- Mobilidade: se você não tem essa horinha diária, não tem problema. Uma das vantagens dos MOOCs é que eles podem ser acessados a qualquer hora e em qualquer lugar (por dispositivos móveis por exemplo). Só é preciso ficar atento ao prazo de entrega das atividades.
- Reconhecimento: Boa parte dos cursos oferece certificados, o que é fundamental para agregar valor ao currículo. Além disso, universidades renomadas mundialmente, como Harvard, Stanford e o MIT têm investido em MOOCs com qualidade.
- Linguagem: O inglês é o idioma que predomina nos MOOCs, apesar de alguns cursos oferecidos pelas grandes universidades estrangeiras terem legendas em português. Se acompanhar um programa inteiro em língua inglesa é um problema, opte pelos cursos oferecidos pelas universidades brasileiras renomadas. Se o idioma não é um desafio, pronto! Ouvir vídeos em inglês também te ajudam a treinar o ouvido.
Onde encontrar um bom MOOC?
Eles são disponibilizados por universidades e outras organizações ligadas ao ensino, mas existem algumas plataformas que agregam diversos MOOCs em um só lugar e você pode escolher um dentre os assuntos que mais te interessar. Vamos a eles:
O Coursera é uma dessas plataformas. Criada por professores da Universidade de Stanford, na Califórnia, Estados Unidos, reúne em um só site 1.477 cursos de 135 instituições parceiras. Ao todo, a ferramenta calcula ter formado mais de 16 milhões de aprendizes.
O Veduca é uma plataforma brasileira que conta com mais de 800 mil estudantes cadastrados. Ela agrega cursos online das melhores instituições de ensino do Brasil, como a Universidade de São Paulo (USP), Universidade de Brasília (UnB) e a Universidade de Campinas (Unicamp) e também de universidades das mais renomadas em todo o mundo, como a Massachussets Institute of Technology (MIT) e a Universidade de Harvard. Alguns cursos, inclusive, oferecem certificados para os estudantes que realizarem todas as etapas do processo de ensino.
O Udacity foi criado após um experimento feito por professores da Universidade de Stanford. Os cursos são definidos por temas e nível de dificuldade (iniciante, intermediário e avançado). Um diferencial é que os vídeos são permeados por perguntas e respostas no estilo “quiz”, para que o conteúdo seja mais bem fixado pelos estudantes.
Monitorando nossas reações
Além do ensino à distância, outras tendências identificadas por estudiosos e pesquisadores da área podem mudar, em alguns anos, a forma como conhecemos a educação hoje. Uma delas é conhecida como “Quantified self movement” (QS), que vem sendo desenvolvida e aperfeiçoada por cientistas e professores do Massachussets Institute of Technology (MIT), uma das principais instituições tecnológicas e educacionais do mundo. Essa tecnologia é capaz de monitorar, por meio de sensores, o estado fisiológico de uma pessoa e, a partir dessas informações, recomendar os estímulos mais eficazes. Essa ferramenta, claro, vêm sendo pensada como solução na área da saúde, mas pode mesmo revolucionar o ensino. Com ela, é possível saber o estado de cada aluno durante uma aula, que tipo de conhecimento transmitido foi melhor absorvido e monitorar a postura do estudante dentro da sala de aula.
Ainda em uma perspectiva de futuro, outro conceito que deve revolucionar o modo como vemos o ensino tradicional hoje é a chamada “internet das coisas”. Essa expressão, cunhada há alguns anos, diz de um cenário em que objetos estarão conectados entre si e entre as pessoas. Com ele, seria possível alterar funções de eletrodomésticos a partir de um único dispositivo, por exemplo. Estudos mostram que até 2017 haverá mais dispositivos eletrônicos conectados à internet que pessoas. Só no Brasil, em cinco anos, serão 2 bilhões de dispositivos “conversando” entre si, com outros objetos e com pessoas. Tudo isso por meio da internet. Nessa perspectiva, a educação não se mantém de fora. E é possível que, no ensino, também exista uma espécia de “escola das coisas”.
Com ela, seria possível transformar toda superfície em uma tela em potencial, por exemplo. Cadernos de espiral com 200 folhas, quadros negros, relógios e outros objetos seriam substituídos por telas “touchscreen” com capacidade de armazenamento praticamente inesgotável. Acessar um vídeo relacionado a uma matéria que o professor está falando na frente da turma naquele momento, pode ser feito com apenas um toque. Isso permitiria uma maior interatividade e troca de conhecimentos entre alunos e professores. Com esses dispositivos superinteligentes seria fácil também economizar recursos: luzes só ficam acesas quando é impossível enxergar sem elas. A água só corre pelas torneiras, privadas ou mangueiras do jardim com a quantidade mínima necessária. A quantidade de papel será controlada pelo mínimo necessário, isso quando o texto em forma digital for um empecilho.
Aplicativos e produtos que chegaram para mudar a sua vida
Nem só do uso disseminado de vídeos e de educação à distância vive a revolução tecnológica no ensino. A popularização de equipamentos eletrônicos portáteis como tablets e smartphones fizeram com que esses aparelhos se tornassem fonte de informação. Além do fácil acesso à internet, a disseminação de aplicativos e outras ferramentas também bateram à porta da educação.
Para se ter uma ideia do volume de informação e do alcance dessas novas ferramentas que se popularizaram nos últimos anos, de acordo com um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o Brasil têm 306 milhões de dispositivos eletrônicos conectados à internet. Desse total, 154 milhões são smartphones. Computadores são 152 milhões e os tablets, 24 milhões de unidades em todo o país. Esse último é apontado pela Unicef, entidade da Organização das Nações Unidas (ONU) para cultura e educação, como tendência de médio prazo para educação nas escolas brasileiras, por conta do custo (que tem ficado mais baixo) e de seu formato, que cumpre exigências das instituições e dos alunos.
Se bem usadas, essas ferramentas são indispensáveis na evolução do ensino do século XXI. O aluno que senta nas carteiras hoje é diferente do que ocupou o mesmo lugar há dez ou vinte anos atrás. Com uma concepção diferente sobre o ensino, o ambiente escolar também precisa achar alternativas. É aí que esses dispositivos entram. É claro que um robô ou um aplicativo para smartphone não vai tomar o lugar de um professor em sala de aula, mas serve como um apoio para que o conteúdo chegue ao aluno de forma mais clara. Outra dificuldade enfrentada hoje pelos docentes é com relação à falta de concentração dos alunos, que não conseguem passar os 50 minutos de uma aula ouvindo o professor durante todo o tempo. Nesse aspecto, também é importante que as ferramentas tecnológicas cumpram o papel de atrair a atenção do jovem.
Há ainda uma vantagem bastante interessante desses produtos: economizar tempo e facilitar o trabalho do professor. Uma série de iniciativas nesse aspecto têm saído do papel nos últimos anos. Isso não significa, mais uma vez, que o docente ficará em segundo plano na sua missão de levar o aprendizado aos estudantes, mas esses serviços têm como objetivo diminuir o desgaste e encurtar o tempo gasto com tarefas muitas vezes burocráticas, que tomam um tempo desnecessário que poderia estar sendo investido em outras tarefas mais importantes, pessoais ou profissionais.
Uma dessas tarefas burocráticas é corrigir provas fechadas. Para um professor que dá aulas em mais de uma escola, para alunos de várias turmas de mais de uma série, por exemplo, o problema cresce em escala geométrica. Tendo por base esse cenário, a Starline, empresa brasileiras voltada para a tecnologia na educação, criou o Prova Fácil na Web, um aplicativo de gestão de provas que minimiza todo esse impacto. Dessa forma, usando o serviço o professor consegue elaborar uma prova de questões de múltipla escolha, programar o gabarito oficial no sistema e, depois, comparar com as marcações feitas pelos alunos em suas folhas de resposta. Isso tudo ocorre em segundos, já que a câmera de um smartphone faz as vezes de um “scanner” e passa para um computados as respostas dos alunos. Nesse processo, é possível saber quase que instantaneamente a nota do estudante.
Outras vantagens do aplicativo são:
- Possibilidade de fazer a diagramação da prova
- Gerenciamento de um extenso banco de questões, o que permite elaborar provas diferentes, com o mesmo grau de dificuldade, para alunos de uma mesma turma
- Acesso à nota do aluno em tempo real
- Comparação, em tempo real, do histórico de resultados de um aluno ou de toda a classe
- Traçar a evolução dos estudantes ao longo do ano letivo
Outras ferramentas vão na mesma direção. O GridClass, por exemplo, é um aplicativo que permite que tanto professores quanto gestores de instituição de ensino possam elaborar quadros de horários. No início de cada ano letivo essa expressão é fonte de dor de cabeça; Sobretudo para quem tem que preencher os nomes de professores, horários e salas, levando em consideração que cada um dos docentes têm rotinas diferentes e dão aulas em outras escolas. A ferramenta usa de algoritmos para achar o horário perfeito, conforme as necessidades de professores, alunos e da direção da instituição.
Ainda na área da organização, um outro app facilita a comunicação e a interação entre educadores e alunos. É o Edmodo, um aplicativo gratuito e que pode ser usado tanto em iPhones como em iPads. A ferramenta é capaz de enviar recados, trabalhos, mensagens e eventos pelos alunos. os professores podem comunicá-los com alertas de última hora sobre alguma informação importante sobre a aula. Além desses, fizemos uma lista com outros nove dos melhores aplicativos para que você possam usar dentro da sala de aula, independentemente da sua área de atuação.
9 aplicativos para você usar em sala de aula
History: Maps of World – Disponível para formato iOS, esse aplicativo reúne mapas antigos e modernos de todas as partes do mundo. Dessa forma, uma aula sobre a Primeira Guerra mundial fica muito mais clara ao ser ilustrada pelos mapas da época e com as mudanças que seguiram ao longo do conflito.
Monster Anatomy HD – Lower Limb – Imaginar como é o corpo humano por dentro, apenas ilustrações impressas em um livro ou apostila, não dá a ideia real sobre a anatomia humana. Esse aplicativo mostra 360 imagens em 3D de ossos, músculos, articulações, vasos sanguíneos e nervos.
Grammar Up HD – Coloque seus alunos para praticar o vocabulário em inglês de uma forma mais divertida que a tradicional decoreba. São 1.800 palavras em um quiz de múltipla escolha. Compatível com iPad.
Geogebra – Disponível nas plataformas iOS e Android, o app usa da interatividade para ensinar lições de álgebra e geometria. O aplicativo é gratuito.
Enem:Quase lá – Sim, se você dá aula a estudantes que estão prestes a prestar o exame, esse app é uma boa pedida. Além de conter questões de provas anteriores e servir como uma espécie de simulado, a ferramenta também monta diferentes planos de estudo para o aluno chegar afiado para a prova.
Manual Redação – Uma das dificuldades apontadas por alunos na hora de fazer uma redação é diferenciar os diversos gêneros de texto: dissertivo, opinativo, narrativo, carta ou jornalístico, por exemplo. Esse app dá dicas para se dar bem em cada um deles. Além de rodar em aparelhos Android, também é adaptado para Windows Phone.
The Elements – A Visual Exploration – Uma tabela periódíca na palma da mão, que facilita a vida do aluno de Química e Ciências. E não só isso. O app mostra imagens de objetos feitos por cada um dos elementos químicos que tanto ouvimos falar por aí.
Acentuando – Mais uma “mão na roda” para quem tem dificuldades com a gramática. Oferece três níveis de dificuldade e dá dicas de acentuação de uma maneira divertida.
Fórmulas Free – Disponível para aparelhos com sistema operacional Android o app, como o nome já diz, entrega de bandeja as principais fórmulas matemáticas – das mais simples, às mais difíceis de decorar. O aplicativo funciona também offline.